Eu só tinha lágrimas
Não havia palavras,
nem fonemas,
nenhum som.
O silêncio navalhava
minha alma.

Sentir sua falta.
Lembrar que viveu muito
e, simplesmente, morreu.

Como dói essa finitude terrena.
Esse corpo que apodrece.
Essa alma que transcende.

Há flashes vívidos de sua presença.
Suas brincadeiras
e, principalmente,
sua ternura.

Tudo é breve.
É passageiro.
Ocupamos um reles planeta
que tem mais água
do que terra firme.
Um minúsculo corpo imerso em
universo imenso.
Numa pequena galáxia.

Não somos o centro do universo e,
o que nos ilumina é uma estrela
de quinta grandeza.
E, quando, enfim, 
acreditamos que possuímos
racionalidade,
eis que descobrimos que
somos mesmo governados 
pelo inconsciente.

Eis que o tempo
nós faz aprender sobre
a eternidade.

A perenidade de instantes mágicos.
É preciso ouvir os conselhos dos ventos.
É preciso ouvir as promessas dos sonhos.
E, fincar a semente em solo fértil.

Ainda bem que tinha as lágrimas
Minhas companheiras de aprendizagens
contínuas, sucessivas e ternas.
Eram lágrimas de ternura eterna.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/05/2021
Reeditado em 03/06/2021
Código do texto: T7268406
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