Uma mulher vestida de Lua
Ela surge no horizonte,
Renascendo com o inverno
Do hemisfério Norte,
Passeando pelo crepúsculo
Que anuncia a gestação da noite.
Sobre os cabelos longos e negros,
Como a escuridão dos abismos,
Leva a coroa em forma de íbis,
Ave lunar da previsão e sabedoria.
Trazendo numa mão a chave secreta
Da porta da ressurreição,
Na outra mão o báculo Fênix.
Sobre o peito a cruz Ansata,
O símbolo da vida, o Ankn.
Traz no seu ventre esotérico
O mistério do fluxo e refluxo,
Esperando o nascimento
Da criança dos filhos do poder.
Caminha prateando as brumas
De águas purificadas e cristalinas,
Acompanhada pelos cardumes
De cores carmesim, formando
Os trígonos dos nove guardiões
Do apocalipse da humanidade.
Segue pelo caminho do reino
Até encontrar a vitória
Nos planos mais sutis
Da existência de um iniciado,
Na consciência física de todas
As esferas do sistema vital.
Na noite escura da alma
Sonda os fantasmas
Do inconsciente coletivo.
Quando termina a noite
No despir das suas vestes
Tecidas na Lua Negra,
Sobre os pés da mulher
Repousa um escaravelho sagrado
Que, como o Sol,
Volta das trevas da noite,
Renascendo de si mesmo
O Sol Nascente.