QUERO VOAR

Tento, minhas asas estão fracas e dormentes,

Não alcançam sequer um galho próximo,

Que me atrai pois muitas vezes nele pousei,

E soltei ali meus lindos gorjeios,

Que ressoava por distantes paragens,

Encantando então atentos ouvidos.

Agora até as flores estão cabisbaixas,

Perfumes que estão adormecidos a brisa não traz,

Sabendo que ninguém aspira mais suas suavidades,

Nem os beija-flores vem colher mais seus pólens,

Que podem dar vidas e perpetuar as espécies.

Sou um passarinho sem vitalidades e recordo,

Quando ousado atingia atitudes infinitas,

E os galhos tão frágeis me acolhiam com doçura,

Pois além dos cantos fazia também meu ninho,

E ovinhos pequenos minha namoradinha botava,

Filhotinhos que nasciam abrindo seus biquinhos,

Será que a natureza também está perecendo,

E suas reações causam lamentos e tristezas,

Como queimadas perversas que ferem seus cernes,

E depois troncos imensos tombam sem vida,

Levando consigo animais e pássaros que ali viviam.