O vermelho outonal

 
Quando tu sentires que perdeste algo e que estás cansado
Preparas-te para as mudanças daquilo que não funciona mais
Lembras-te dos suaves sopros dos ventos e dos sóis outonais
Que cautelosos derrubam as folhas velhas e deixam os solos avermelhados.

No entardecer, os últimos raios solares se escondem por detrás das águas
Uma bola de fogo se esvai, adornando longínquos horizontes, tamanha beleza!
Frenéticas aves submergem nas águas e abocanham suas presas
Confundem seus olhares nos reflexos dos galhos quando o sol se apaga.

A natureza decide o tempo certo de agir, nas mágoas e sem tréguas
Árvores despidas e enraizadas no chão que perseveram antagônicas
Sobrevivem em todas as estações debaixo do mesmo céu e anônimas
Agasalham seus corações feridos das intempéries e se refazem exíguas.

Das podas inoportunas que derramam lágrimas e cobrem-se com os véus
Os ventos levam longe as folhas mortas, protegem o solo com as já caídas
Amarelam o enegrecido chão, preparando-o e agraciando-o para novas vidas
Renovação em cada ciclo, estações silenciosas e necessárias debaixo do céu.





 
Texto e imagem: Miriam Carmignan