ÁRVORES NUAS FOLHAS SECAS
Tenho pena das árvores do meu bairro,
Ficaram despidas sem as suas folhas
Secas que caíram e foram com o vento
Para longe, fugindo ao ardor do orvalho.
Pobres árvores, inocentes e sem mácula,
Foram vítimas do outono que as agrediu
E as deixou nuas, à mercê do mau tempo,
Que se fez sentir, cobarde e sem lei, fugiu.
Os passarinhos perderam os seus ninhos,
Migraram para paragens bem mais longe
Muito a sul onde o tempo é bem quente,
O frio e granizo não chega nem se sente,
Os plátanos riem-se e gozam o panorama,
Por manterem a sua folhagem bem verde,
Acham-se a elite da natureza, com chama
Que não se apaga, embalados numa rede.
A natureza é assim caprichosa e ardilosa,
Usa do seu poder sobrenatural e faz mal
A quem se intromete no seu forte reduto,
Criando um profundo e perfeito aqueduto.
Ruy Serrano - 17.02.2021