E o mandacaru que não flora.
O sol causticante de janeiro a janeiro
As valas na terra, gado morto na serra
Leito seco do rio, água já não se vê mais
Nos olhos só a dor, só a dor,
Totó lá na porta abanando o rabo, tão magro,
E o mandacaru que não flora, umbuzeiro sem folhas, esguio
É criança que chora de barriga vazia,
Por mais que se faça não há planta que nasça
Panela no fogo com água e farinha, e agradeça a Deus
Pois era o que tinha!
A mulher buchuda no canto da sala
Já nem fala, seu corpo esquálido, quase sem vida
É a pura expressão da fome e da seca,
E o mandacaru que não flora, e o sertão que lhe implora, suplica!