De mim para a Caatinga
Oi, minha amada Caatinga!
Hoje resolvi falar com você
Sobre minha ausência
Mas antes que eu fale o motivo
Quero falar da minha saudade...
Caatinga estorricada
Ou verdinha exuberante
Cenários da minha infância
E também da adolescência
És forte com nosso Deus
Que te faz mudar de face
Eu quero ser como tu
Que não usa de disfarce
Pois tenho também duas faces
Uma aqui e outra no céu
E espero inda te ver
Depois que seu céu chover
Mas mesmo que a chuva não venha
Eu vou aí te visitar
E ficarei embelezada
Debaixo de um juazeiro
Que se mostra prazenteiro
Caatinga eu nunca me esqueço
Da florada dos pereiros
Tão branquinha e singela
Encantando o meu olhar
Com poesia a encantar
Eu também quero lembrar
Da florada das juremas
Que quase no fim das chuvadas
Se apresentam feito noivas
Flores brancas e cheirosas
São seus trajes encantadores
Tão bonitas de se ver
Faz sonhar o agricultor
Quero também te dizer
Eu não posso esquecer
Das floradas amarelas
Num florescer bem diverso
Pois são de muitas espécies
Entre elas a calafístula
Que se derrama em flores
Encantando minha vista
Aqui eu quero lembrar
Dos mofumbos florescidos
Bem cheinhos de abelhas
Em festança sem igual
E seu cheiro com doce mel
Atrai quem perto passa
Caatinga não vou falar
De toda a sua grandeza
Porque eu não consiguirei
Te retratar nesse poema
Só quero então explicar
O motivo que me fez
De não ir aí lhe visitar
Minha amada adoeci
De uma doença mortal
É um câncer avançado
Que veio me perturbar
Me tirando o direito
Do meu lar me ausentar
E me deixando a saudade
Dos tempos que eu te saudava
Mas por mim não fique triste
Que eu vou te conformar
Te vejo pela minha mente
Em cenários bem presentes
Caatinga se por acaso
Eu não vencer a doença
Eu parto com alegria
Te levando em minha alma
Para toda eternidade!
xxx
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Natal, 07, 01.2021
A Caatinga verde e florescida
Foto de minha autoria