Tucuxi

Belém, pensando em cada rio ou igarapé, 28 de dezembro de 2020.


No barco que te vi
Reparei
que tínhamos a mesma manhã
A mesma onda
O salto gratidão
Vamos louvar

Na penumbra percebi
Acordei
Alertou-nos Deus Tupã
De uma ronda
Os bárbaros virão
Para te enredar

E quanta água suja
Vil mercúrio
Mensageiro da maldade
Engasga um de nós
Que melancolia
A proa se referia

Tu
Tucuxi
Tu e eu
Tu e nós

A lenda sabotada
Sujeitada
Aos flagelos da humanidade
De um parente
Compadre incestuoso
Apaisar

Ali tem um cardume
Jaraqui
Deste lado um matrinchã
Cuidado lá
A alma tá armada
Mira e aponta

Tu
Tucuxi
Tu e eu
Tu e nós

Saiu naquela lista
O teu nome
Na listagem li o Rosa nome
E nos museus
Da mente e da várzea
Hei de anunciar

Carinho a mão no rio
Eis que vem
Não entendo a tua fé
Que assim possamos
Juntos conviver
Saltar bem alto

Tu
Tucuxi
Tu e eu
Tu e nós





Foto de capa: Fernando Trujillo / https://www.flickr.com/photos/154330806@N06/36842835552/