Vislumbre do Mar
Lembro-me como se fosse hoje
daquela noite ao luar.
Em mim, havia um eu-menina,
que desabrochou em euforia,
almejando se aventurar.
Com o vislumbre do mar
inebriante à minha frente,
fui acometida pela hesitação;
entretanto, a poesia no reflexo
da lua que se fez maestro
me pusera a apreciar o manifesto.
Minha pele, lívida de candura,
pareceu aos demais uma tristura.
É inegável que em meu peito
residia uma irrequieta saudade,
privando a minh’alma da totalidade.
As ondas, num titubear eloquente,
evocavam o alvorecer iminente;
traziam consigo o vaivém das eras,
afugentando as obstinadas mazelas.
No entremeio da noite ao arrebol,
assomou no céu o rastro do astro-rei;
o orvalho, ousado, beijara meus lábios,
pondo-me a ruborizar e sorrir outra vez.