AH, QUE SAUDADE!

Ah, que saudade dos amanheceres de vinte anos atrás,

quando incontáveis aves e pássaros sobrevoavam o quintal da minha casa

e pousavam nas pontas dos telhados

e nos galhos das árvores adjacentes,

onde, em coro ou solo, entoavam os cantos de louvor à Natureza!

Ah, que saudade dos entardeceres de vinte anos atrás,

onde se desenrolava a segunda parte daquele belo espetáculo!

E, olhando o céu, via os bandos de aves e pássaros,

hoje tão raros,

em formato de flechas,

retornando aos seus ninhos,

sabe-se lá onde,

em paragens distantes.

Ah, que saudade!

Hoje, o espetáculo ainda acontece,

porém, com o número de atores reduzido.

Os bem-te-vis e os canários da terra ainda vejo;

junto a estes, vez ou outra, os sanhaços e coleiros tuí tuí e paulistinha,

que nos brindam com seus cantos e voos coloridos.

Contudo, não vejo mais os beija-flores,

os sabiás-laranjeira,

os bicos-de-lacre,

nem as andorinhas,

antes tão abundantes,

hoje, desaparecidos.

Também não vejo mais os tizius saltitantes,

nem as cambaxirras com seu canto triste.

Por onde andarão os quero-queros e joões-de-barro?

Apenas os pardais se multiplicaram.

Ah, que saudade da Natureza de vinte anos atrás!

Jeronimo L. Madureira

15/11/2020.