SEMENTE POÉTICA
SEMENTE POÉTICA
Brota-me
da alma alguma
semente,
que germina
num limiar
de inspiração;
ainda não é o fruto,
é a flor que
sorri contente,
sentindo que seu
olor lhe exala
da poética razão.
O que me inspira
flui na água
corrente,
mas mescla-se
com as algas
verdosas;
não é o poema,
é minha alma
que sente
na planta,
o cheiro das frutas
saborosas.
Lança-me da alma
a inspiração
inesperada;
passa o vento afoito
sem dizer
para onde vai;
já não é a flor,
mas a fruta
orvalhada;
cuja gota, qual seiva,
no chão
da manhã, cai.
Alguns versos
repousam
nas pedras limosas,
tornando
subentendido
que esse poema
chega ao fim;
que se renovem
as sementes,
as flores, as frutas
valiosas;
e se desdobrem
em novos
contextos poéticos
que me inspirem,
enfim.
Adilson Fontoura