Pantanal em chamas

Um tuiuiú sem adornos voa

Para a árvore incendiada

A onça pintada foge aflita

Assustada pelas chamas

Um jacaré tostado

Agoniza um silêncio resoluto

O casal de arara morre abraçado

Aos filhotes sem penas

A boiada vai passando

Impiedosamente

Pisando em tudo que há

O fazendeiro vislumbra o lucro

No seu sonho de fortuna desalmada

O boi no pasto ruminando feliz

Arrobas de carne vermelha

No açougue dos gringos

Em troca de uns trocados

Os líderes inertes

Nem desconfiam

Que a imagem do país

Derrete pelo mundo a fora

Em um caminho

Sem volta