Lamentos
da
Serra
Meus combros, cobrem
O topo dos mais altos montes;
Junto ao horizonte
Eu protejo o céu!
Nada me foge das curvas
Das minhas tortas linhas
Nem mesmo os descaminhos,
Feitos como picadas ou trilhas
Fica descoberto nesse meu
Vasto, sagrado e fulgurante véu!
Pareço séria, ...má,
Mas gosto de brincar;
Assim feito o Mar,
Sou toda imensidão!
Meus verdes vales
Ditam magia, amor, paz e esperança
Se não me respeitarem,
Choro igual criança
Como se matassem a poesia
E fincassem uma adaga, no meu coração!
Nunca devo ser usada
Como uma grande cova;
Esqueçam não sou desova,
Das suas maldades humanas!
Sou grama, árvores, flores
E uma constelação de passarinhos
Que no seu revoar
E no vai vem, de seus ninhos
Alimento seus filhotinhos
Para que brinquem felizes
Subindo e descendo, no ar!