Viagem pra dentro dos olhos
"
...E começamos a vivência.
Entraremos pela porta dos olhos
Que deixamos destrancadas
Para quem se sentisse convidado a entrar
*
Cheguei. É deslumbrante!
As infinitas cores, o vento forte
E a vastidão nos campos de seu dentro.
Perder-se na imensidão interna de alguém
É a tradução da sensação que me conduzia.
Assim estaria se não fosse você minha guia,
a plena sabedôra daquele infinito.
Após voarmos por todos os lados
Como pássaros mas também como dragões
Chegamos ao primeiro encontro:
Dentro dela havia uma 'si mesma', inventada.
Ela me descrevera essa 'si'
como imaginava que seria
Se houvesse medo na imensidão
Pois queria conhecer a sensação.
O medo nunca habitara aquelas terras
Mas como se sopusesse que seria se houvesse... Ali estava algo.
Algo que parecia um medo,
mas também era feito de alegria.
Era como um triste cinza aquarelado,
mas que ainda via-se mal acabado
um pouco de todas as suas cores, sabe?
Ela ri de sua falha em representar seu medo.
Era um esforço tremendo para representá-lo naquele ambiente.
"O medo só pode habitar mundos finitos..." Ali, ele desanuviava como sombra faz na luz.
"Por isso inventamos limites aqui,
pra brincar de medo, Né?"
Foi assim que rimos
e alegres nos conduzimos a sair.
*
Hoje me pego a pensar
O tempo passou e sinto que a menina
Talvez tenha então encontrado
O sentimento que ali não cabia.
Deixara também
sua porta aberta
Para que ele entrasse
e lhe construísse seus limites.
Pois em sua sabedoria aprendia:
o medo que deixamos entrar,
medo esse que com coragem vencia,
Assim mais forte lhe fazia.
Trazer o limite pra dentro
E brincar de vencê-lo
Faz o dia amanhecer com mais cor
Traz o que queira pra fora da porta
O Infinito
Os campos, seus ventos
Os sonhos"