Rosilda, a ipê rosa
Belém, 17 de setembro de 2020.
Queria te dizer
Como bailas tão bem!
Rosilda, a ipê rosa
No meio da pracinha
E mesmo que o entulho esteja a teus pés
Nas tuas raízes uma ofensa
Tuas filhas rosas giram e me fazem pensar
Que a chuva rodopia
Roda a vida
me arranca o riso de criança
até lembrei que tenho esperança
Espelhei o meu filho
No baile que o vento me convida
Reencontrei a força perdida
Veio das gotas
Chuvisco de pétalas
No meio da pracinha
Rosilda, a Ipê
Nunca te dei nome
Mas como não te batizar?
Os pássaros cantam em vários idiomas
na hora de meu batismo
Traduzo o silêncio como um grito de alma
Que a Terra Clama
Clama por nós
Certa vez fomos clorofila
Da pele, da estrela e da argila
Espelho o humano?
A copa de Rosilda me sopra recado
Talvez a arrogância seja meu fardo
E neste perdão
Uma carta bailarina
No baile que o vento convida
Dançar com elas
Com as filhas de Rosilda a Ipê
Veja, tenha fé que o olho transvê
Espelha o Sol.