ACAUÃ
Aquelas melodias que nos
Chegam aos ouvidos
Sem identificarmos de onde vêm,
Sim, da mata próxima,
Da alta torre de energia,
E vislumbramos o intérprete
Tão diferente, inusitada presença.
E seu canto diz tudo: Acauã.
O coração se enche de emoção,
Mas ao dizermos a alguém,
Acaba todo encanto:
“Ah, é o gavião branco!”
À noite novo canto e
Um sexto sentido nos assopra:
O curiango na densa mata
Parece clamar por chuva,
Como a seriema nos campos
E a saracura três potes.
Novo desalento:
“Credo! Canto feio de mau agouro!”
Contudo, seguem os cantores dos dias e noites
A enternecer com sua voz,
Indiferentes eles seguem com seu canto
Com sua voz a envolver-nos
Em plena magia!