ONTEM LÁ NA ROÇA
Choveu à noite, na madrugada...
Acordei ainda entediado...
Sai pro terreiro, pisei a terra...
Ainda molhada...
Ouvi um sabiá sibilar, seu canto picado...
Como se recitasse os versos de uma poesia...
Enquanto bicava um mamão maduro...
Furando sua casca, da poupa se servia...
Aquela fruta madura, matava sua fome...
E como agradecimento, ele gorjeava...
Se equilibrando num talo de folha, bicava...
E o mamoeiro ali, imponente, estava...
Lembrei-me então do mês retrasado...
Quase cortei aquele pé de mamoeiro...
Que parecia estar velho, cansado...
Ainda bem, ele ainda deu fruto...
Então refleti sobre aquela cena pitoresca...
Nem tá tão velho assim, se ainda pode aflorar...
Que a morte lhe venha em seu tempo, graciosa, alheia...
Quando não mais puder da seiva da terra se alimentar...
Bene