SEM ENTENDER
Fogo com sua língua quente,
a lamber galhos e folhas,
filhos da semente;
Parece o pulsar de um desejo,
mas não existe beijo nem abraço,
nessa dança sem compasso.
Ardendo em chamas, sem escolha,
as árvores reclamam, gritam sem entender,
eles não ouvem, não querem saber.
A mata derretendo no calor do incêndio veloz e criminoso,
asfixiando a natureza,
que respira por nós o gás venenoso.
Lembra uma pérola vermelha,
bela, distante, inofensiva,
mas é a brasa perversa, destrutiva,
comendo a floresta em carne viva.
O fogo vai destruindo o verde e seus animais,
que correm pra frente e pra trás,
sem fuga, como vítimas fatais.
Essa massa de biodiversidade,
sufocada pela fumaça sem piedade,
que arrasta o cheiro até o nariz,
da maior cidade do país.