Natureza em prantos

sou o choro das matas agonizantes

sou lavrado que queima ardente

sou a revolta da natureza doente

maltratada pela mão dos ignorantes

sou o canto da cruviana, mãe dos ventos

que canta o sofrimento da natureza

sou a folha, as flores e seu rebento

sou a cara da miséria, da pobreza

sou o igarapé que serpenteia poluído

o que era canto de pássaros ao entardecer

sou a consequência do sobreviver

o sonho desejado, agora destruído

sou o retrato da asquerosa ganância

sou o gemido dos animais sem rumo

a águia sem plano, sem prumo

sou o fruto da elação e arrogância

sou o mal, sou achaque, sou lobisomem

terremoto, catástrofe, vendaval

sou a moléstia, o câncer, sou canibal

eu sou o homem!

Sérgio Murilo
Enviado por Sérgio Murilo em 14/07/2020
Reeditado em 11/08/2020
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