Natureza em prantos
sou o choro das matas agonizantes
sou lavrado que queima ardente
sou a revolta da natureza doente
maltratada pela mão dos ignorantes
sou o canto da cruviana, mãe dos ventos
que canta o sofrimento da natureza
sou a folha, as flores e seu rebento
sou a cara da miséria, da pobreza
sou o igarapé que serpenteia poluído
o que era canto de pássaros ao entardecer
sou a consequência do sobreviver
o sonho desejado, agora destruído
sou o retrato da asquerosa ganância
sou o gemido dos animais sem rumo
a águia sem plano, sem prumo
sou o fruto da elação e arrogância
sou o mal, sou achaque, sou lobisomem
terremoto, catástrofe, vendaval
sou a moléstia, o câncer, sou canibal
eu sou o homem!