Chuva de outono

Em uma noite, no meio da praça,

os relâmpagos súbitos que acenderam o céu

convidaram-me à voltar para casa.

A casa ficava longe,

e a cada rua que passava, mais gotas me molhavam,

e mais gelado o vento soprava.

Quando a casa estava perto,

a cada quadra que passava, mais árvores me trombavam

e mais folhas caíam em mim.

Quando a casa estava logo ali,

com as portas abertas e janelas abertas

e meus pais esperando por mim,

em frente de casa, percebi que a jovem árvore,

que sempre ficava parada,

se mexia e remexia, quase estando a quebrar.

Ela estava assustada.

Entrei e chamei por meus pais,

pedi ajuda,

e para que pegássemos uma madeira,

e amarrássemos à árvore.

Fizemos, e com sucesso,

a verde árvore estava mais forte, firme para a tempestade,

fixa e a contemplar.

Assim que arrumei a cama,

pronto para sonhar,

pela fresta da janela do meu quarto,

uma folha veio pairando.

Era um presente dela!

Chuva de outono —

as raízes de nossa amizade

esculpidas em uma folha.

Caio Varalta
Enviado por Caio Varalta em 07/07/2020
Reeditado em 08/07/2020
Código do texto: T6998953
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