O RIO PEDE SOCORRO

Vejo um rio agonizante

num painel angustiante

pelas terras que percorro;

O Paraíba degradado,

poluído, saqueado,

nos clamando por socorro!

Mas que cena degradante,

Vejo um rio agonizante

sob as dragas do areeiro!

O seu leito foi vendido,

saqueado, consumido,

por ganância de dinheiro.

Vejo um rio agonizante,

um fio d’água na vazante

sem saber onde vai dar;

outrora tão caudaloso,

um rio tão majestoso

com destino para o mar!

Hoje retido em barragem

virou apenas miragem

no decorrer do percurso;

um rio preso, cercado,

com o seu leito barrado

pra quem lhe busca recurso.

Hoje ele está dominado,

seguindo qual condenado

para seu fim, sua morte;

mas só depende de nós

quebrar os laços do algoz

pra lhe livrar dessa sorte!

Morrer o rio não deixes,

com suas águas, seus peixes,

o pouco que sobrevive;

Retirem a draga do peito,

não aniquilem seu leito,

que essa sentença se arquive!

Que a lei dos homens exista

e que se cumpra, resista,

sem jamais se corromper;

que a lei proteja, defenda,

que a lei não seja horrenda

permitindo o rio morrer!

Que nossa voz não se cale

para defesa do Vale

do Paraíba do Norte!

E que nosso rio perene

siga seu curso solene,

em paz, mais limpo e mais forte!

— Antonio Costta