O IPÊ E O POETA

Ao entardecer, sento-me à varanda

E assisto ao pôr do sol.

Céu limpo, mesclando azul e laranja

E o ipê repleto de flores lilases.

É comum agora o enaltecer da beleza

Serena com que se vestem os ipês:

Roxo, rosa, amarelo, branco e o

Jacarandá mimoso.

Penso nos ipês,

Desnudados de suas folhas,

Com os braços erguidos ao céu,

Como em súplica sob a chuva

E o vento gelados das noites frias.

É a expressão maior de que

“Os humildes serão exaltados.”

De galhos nus, ninguém os vê,

Mas cobertos de flores, extasiam

Ao estenderem sob si um tapete de flores.

A magia da poesia se faz assim:

Não há varanda a se sentar,

O ipê se esconde no quintal,

Mas os olhos da alma nos presenteiam

Com imagens e sonhos de cores

Onde impera a terra seca.

Há um mundo paralelo onde mora o poeta

Que aos olhos da realidade é preguiçoso,

E totalmente sem perspectiva.

Um papel, porém, e uma pena,

Ah, a vida se faz em versos plenos,

Palavras simples que jorram em mananciais

De paz na respiração profunda

Que inicia e faz findar cada dia

Em que se vive.

Suely Buosi
Enviado por Suely Buosi em 22/06/2020
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