O IPÊ E O POETA
Ao entardecer, sento-me à varanda
E assisto ao pôr do sol.
Céu limpo, mesclando azul e laranja
E o ipê repleto de flores lilases.
É comum agora o enaltecer da beleza
Serena com que se vestem os ipês:
Roxo, rosa, amarelo, branco e o
Jacarandá mimoso.
Penso nos ipês,
Desnudados de suas folhas,
Com os braços erguidos ao céu,
Como em súplica sob a chuva
E o vento gelados das noites frias.
É a expressão maior de que
“Os humildes serão exaltados.”
De galhos nus, ninguém os vê,
Mas cobertos de flores, extasiam
Ao estenderem sob si um tapete de flores.
A magia da poesia se faz assim:
Não há varanda a se sentar,
O ipê se esconde no quintal,
Mas os olhos da alma nos presenteiam
Com imagens e sonhos de cores
Onde impera a terra seca.
Há um mundo paralelo onde mora o poeta
Que aos olhos da realidade é preguiçoso,
E totalmente sem perspectiva.
Um papel, porém, e uma pena,
Ah, a vida se faz em versos plenos,
Palavras simples que jorram em mananciais
De paz na respiração profunda
Que inicia e faz findar cada dia
Em que se vive.