O CAMINHO
Desce o caminho
longo sozinho.
Na cabeça, o chapéu;
e acima só vê o céu.
Pinga o sol, ali ardendo.
O chão, seco que só vendo.
E continua, na estrada,
sem reparar que é um nada.
O cansaço já vem chegando.
Por companhia, apenas aves em bando.
Os passos se tornam um pesar.
E o que vê, faz cair num penar.
Esforça-se pra não chorar, mas a dor é imensa.
Quase para, não pensa
o bastante pra poder esquecer.
Está longe o entardecer.
E pensar que dali pra frente
só poderá encontrar gente.
Bicho é bicho mesmo agora.
Carne bem pouca, o osso de fora.
Crime esse, no nosso sertão!
Enxuga o suor, que mal toca no chão.
A gota já evaporou antes de cair.
Solidão é o que vê por ali.
Nem sinal de automóvel...
E fica olhando, ao redor, imóvel:
"Onde é que vamos parar?"
Membro da Academia Virtual de Poetas da Língua Portuguesa (AVPLP) - Acadêmica Titular do Brasil e de Portugal; Membro efetivo da U.A.V.I (União de Autores Virtuais Independentes) e Acadêmica da Academia Mundial de Cultura e Literatura (AMCL)