Carreiro

A tarde cai fria e serena,

Na relva baixa e com pequenos arbustos.

O vento sopra nas copas das árvores

Fazendo um barulho sentimental.

Os bois, em dupla de dois,

Contando dez.

Vêm passo a passo,

De cabeças baixas,

Olhando para o chão,

Escutando o cantar triste

Do carro de boi carregado,

De milho em espigas.

O carreiro alto e forte,

De chapéu de palhas.

O rosto fino, banhado de suor,

Vai gritando todos pelos nomes.

Roxinho e Malhado são os bois da guia,

Vão seguindo o candeeiro.

Um jovem de doze ou treze anos,

Com o chapeuzinho de palha na cabeça.

Sobre o ombro esquerdo, a varão de ferrão.

Vai chamando os bois:

- À direita, meus queridos,

Malhado, vem para cá.

Ouve-se o barulho da argola do ferrão,

Junto ao lombo do boi Dourado.

Lá se vão pela precária estrada,

Cheia de arbustos e vassouras de alecrim.

O cantar do carro de bois,

Carregado de milho da roça.

Levantando pequena poeira,

Cheiro de verde paira pelo ar.

O tucano olha do alto da árvore,

Faz sinal de voar.

O gavião voa rasante

E pousa na árvore ao lado.

Também querendo ver o carro passar.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 30/05/2020
Código do texto: T6962561
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