Pachamama

Já fui pássaro, anta, paca e tatu

Corri pela mata, voei com um Anu

Visitei Abrolhos, nadei com baleias

Fui ao Pantanal durante as cheias

Cada cachoeira que passei na vida

Deixei uma marca, que foi retribuída

Uma vontade imensa de preservar

E um respeito enorme por cada lugar

Cheguei na chapada e dormi na rede

Olhei as estrelas, num lugar sem paredes

Só minha barraca e dois vagalumes

Que foram meus guias, e mostraram costumes

De um povo fiel, que protege o lugar

Que guardam a energia que faz encantar

E recebem quem passa, com satisfação

E ensina a todos, essa valiosa lição

Mas na cachoeira, vi algo bonito

Um ser que nadava, sem constrangimento

Deslizava nas águas, como um peixe a buscar

O seu alimento, o seu harmonizar

Sua luz ofuscava qualquer olhar

Uma liberdade como de um jaguar

Dançava com fogo, meditava em pé

Sorria em paz, dentro do igarapé

Ela faz parte de um todo

Um ser que o universo sabe que existe

A poeira de uma estrela que escapou da Via Láctea

Pois era livre demais para viver presa em 105 mil anos luz.