IPÊ
Solitário.majestoso, erguê-se,
Nas entranhas da campina verdejante,
Qual relicário, que de longe vê-se,
Sua copa em flor, qual ouro refulgente.
Velho ipê, quando te balança o vento
E tuas flores espalha na relva macia,
Tristonho e solitário te olhando penso,
Nos bons tempos que o mundo me sorria.
Hoje choro, aquele tempo que passou,
E que saudade, daquelas tardes calmas,
Veio a primavera, e você brotou
E eu trago ainda o inverno n´alma
Em cada flor pálida que desabotoas,
É um longo soluço, um pranto amargo,
Quando ela partiu, eu não chorei à toa,
Sofro só as minhas noites de letargos.
Ah! velho ipê, amigo e companheiro,
Se soubesses como sofro esta agonia,
Que trago na boca o gosto do beijo primeiro,
Você de pena, talvez não mais floresceria.
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