O BEIJA-FLOR NO POMAR
O BEIJA-FLOR NO POMAR
Bica o beija-flor a fruta madura.
Exerce sua destreza, pairando no ar
fresco da manhã.
Diante do galho do arbusto
que balança com a passagem
do vento afoito. E assim, o diminuto
colibri, nutre-se com ingênuo
prazer, com inata alegria, da fruta
arbustiva que lhe sustenta
a vida animal.
Adeja o beija-flor em derredor
do vistoso arbusto.
Admira-lhe os cachos, fartos
da fruta (como se fossem ramalhete
de flores comestíveis),
de tão saudáveis e apetitosos.
Aproxima-se novamente pra bicar
outra fruta. Tremula o corpo,
bate as asas, olha pra um lado,
pra outro, desfruta da leveza de ave
diminuta, escolhe a que deseja
comer, e bica-lhe em bruscos gestos,
sendo-lhe assim, agradável,
por alguns instantes,
essa atitude peculiar de nutrir-se.
Voeja o colibri pela cercania,
enquanto as frutas maduras caem
sobre o chão do pomar. A vida
vegetal se irmana com a vida animal.
Renova-se o pomar em novos
frutos. Faz sustentar a vida
do beija-flor. Faz colorir e embelezar
a paisagem vegetal. Alegra-se
também o beija-flor, por voejar
com suas asas renovadas.
Até que, o arbusto envelheça
e não dê mais frutos. E o beija-flor
ancião não mais esvoace
pra lhe visitar. E os seus corpos
morram, mas suas almas não.
Decerto estarão renascendo
do outro lado da vida, no vigor
fluídico de suas almas
(vegetal e animal), ambas gozando
do júbilo divino, por serem eternas.
Adilson Fontoura