O BEIJA-FLOR NO POMAR

O BEIJA-FLOR NO POMAR

Bica o beija-flor a fruta madura.

Exerce sua destreza, pairando no ar

fresco da manhã.

Diante do galho do arbusto

que balança com a passagem

do vento afoito. E assim, o diminuto

colibri, nutre-se com ingênuo

prazer, com inata alegria, da fruta

arbustiva que lhe sustenta

a vida animal.

Adeja o beija-flor em derredor

do vistoso arbusto.

Admira-lhe os cachos, fartos

da fruta (como se fossem ramalhete

de flores comestíveis),

de tão saudáveis e apetitosos.

Aproxima-se novamente pra bicar

outra fruta. Tremula o corpo,

bate as asas, olha pra um lado,

pra outro, desfruta da leveza de ave

diminuta, escolhe a que deseja

comer, e bica-lhe em bruscos gestos,

sendo-lhe assim, agradável,

por alguns instantes,

essa atitude peculiar de nutrir-se.

Voeja o colibri pela cercania,

enquanto as frutas maduras caem

sobre o chão do pomar. A vida

vegetal se irmana com a vida animal.

Renova-se o pomar em novos

frutos. Faz sustentar a vida

do beija-flor. Faz colorir e embelezar

a paisagem vegetal. Alegra-se

também o beija-flor, por voejar

com suas asas renovadas.

Até que, o arbusto envelheça

e não dê mais frutos. E o beija-flor

ancião não mais esvoace

pra lhe visitar. E os seus corpos

morram, mas suas almas não.

Decerto estarão renascendo

do outro lado da vida, no vigor

fluídico de suas almas

(vegetal e animal), ambas gozando

do júbilo divino, por serem eternas.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 27/03/2020
Reeditado em 03/12/2020
Código do texto: T6898528
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