MEU CANTAR
Um doce trinado que escuto
É o canto de audaz sabiá
Bradando nas bandas de lá
Cantando, saudando a natura
Na terra vestida de luto...
Um lânguido nome que ecoa
É o nome de Deus soberano
É o grito de um pássaro insano
Bailando, dançando nos ares
Trazido no aroma que voa!
Um frouxido som que ressoa
Nas ondas revoltas do mar
Nas límpidas nuvens do ar
Correndo, pairando na altura
Nas asas do vento que atroa...
Sublime cantar que parece
A flor da saudade que nasce
Da bela oração mais fugace
Unindo casando os cantares
Deixemos que suba esta prece...
– Avezinha tão pequena
que com voz tão alta tu cantas
cantando em notas tão santas
escuta também meu cantar.
(Rio Grande-RS, outubro de 1938 )