Chuva

Chove chuva. Forte chuva. Traz a água que dá vida, traz a lama que destrói.

As lágrimas não são águas suficientes para limpar toda sujeira. O suor é a marca daqueles que não cansam de lutar. Lutar pela vida, lutar pelas coisas que conquistam, mas que não tem forças para salvar.

E quem não tem nada acaba perdendo tudo. Perde a história, perde a casa, perde a dignidade. Sofrida, a vida se ergue novamente até o próximo desastre, que pode estar longe ou perto, muito perto de destruir sonhos, esperanças, vidas, mais vidas.

Chove chuva. Fortes chuvas levam para além do alcance dos olhos o seu trabalho. Escorrendo pelas ruas, deslizando pelas encostas, invadindo casas, lares, coração.

A dor é mais forte quando, no silêncio, se fala da sina. A roupa na tina, outra secando no varal, a geladeira, os alimentos, meu Deus, quanto mal.

A vida dura e sofrida não se importa mais. É recomeçar, juntar forças, renovar as esperanças, acreditar nas mudanças e no ser humano. Pedir.

Dar graças à vida que ainda está presente. Presente que Deus dá a esse povo que luta.

A aqueles que sofrem sem perder a fé em Deus, a aqueles que lutam para viver, pedindo pelo amor de Deus. A aqueles que reconstroem suas vidas na esperança e acreditam que, acima de tudo, Deus sempre será a luz a iluminar estes tortuosos caminhos.

Luiz Caeté
Enviado por Luiz Caeté em 03/03/2020
Reeditado em 08/06/2024
Código do texto: T6879389
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