Garça
No azul escuro do rio,
Entre plantas verdes
E capins amassados.
Livremente uma garça pousa.
Bate fortes as asas grandes,
Formando uma envergadura genial.
Não tem curso de pilotar,
Nem brevê, nem exame médico.
Faz maravilhosas acrobacias
Que mais parecem táticas guerreiras.
Pousa uma, pousam duas,
Até cinco, não importa a quantidade.
Uma bate o bico na noutra
Que repentinamente levanta o voo.
Levanta cinco metros para lá na frente pousar.
Bate o bico nas águas flutuantes.
Deve estar pescando um peixe.
Desconfiada levanta a cabeça.
Faz um gracejo.
Deve ser para fêmea ao lado,
Que abre ainda mais as asas.
Por um pequeno instante
Coça algo perto das pernas.
A tarde vai sumindo no horizonte cinzento
Anunciando uma chuva fina.
Ela faz mais um gracejo
E a tarde vai chegando.