RIQUEZAS DO MEU SERTÃO OU HAPPINES OF A COUNTRYMAN (FELICIDADE DE UM SERTANEJO).
Não posso esquecer o dia
que nasci no meu sertão;
lugar coberto de amor,
maravilhas de montão.
O espaço pra natureza
onde só se ver beleza
e não a destruição.
Lembro meu antepassado
nessa abençoada terra,
onde vivi sossegado
longe da peste da guerra
só vendo os verdes remontes,
o sol nascer lá nos montes
e o romper no pé de serra.
O claro da lua cheia,
a linda flor do Bugi;
o gurjiado da andorinha
e o cantar do bem-te-vi.
Nunca me sai da lembrança,
da minha pequena lança
que eu matava Javali.
Aqui se respira puro
não tem gás carbonizado;
é só cheiro de juazeiro
a árvore que salva o gado;
Umburana e Mofumo de Arco,
Aroeira, Braúna e Pau D´arco
que são as de mais agrado.
Aqui só se ver beleza
o que planta a terra dá;
milho, feijão e arroz,
cidreira pra fazer chá.
Todos trabalham fiéis;
só temem às cascavéis
no mato ao chocalhar.
E quando é de tardezinha,
ouve a toupeira chiar;
no céu só ver Juritis
num voo pra lá, voo pra cá.
No curral berra a boiada;
e o pinto se esconde em ninhada
pro Caboré não pegar.
E ao bater das seis horas
sertanejo está na mesa
curvado o joelho em terra
agradecendo pela riqueza;
ao Deus do infinito
que o seu nome está escrito
em tudo que é criação;
a fé vive a persistir,
e sou feliz porque nasci
em um cantinho do sertão.