garrafa PET

casas na água

ruas sob água

boia sobre ela

bela donzela

sobreviventes

culpam a natura

pela tragédia

e a morte dela

cegos estão

à natureza

que só reage

à má ação

pai da donzela

lança entulhos

mãe da menina

joga embrulhos

mano e os pacotes

pela garagem

mana e prima

quanta embalagem

'vó da moçoila

cospe retalhos

pela janela

junto ao 'vô dela

os bisavós

— tempo limpinho —

sujavam mais

"só um embrulhinho"

chuva caiu

levou papel

pano arrastou

lata entupiu

PET e papel

pite e retalho

caco e copel

pote e ciscalho

material

acumulado

todo buraco

retransbordado

antepassados

mesmo dormindo

tornam-se assim

grãos assassinos

quando em vida

nem imaginavam

matar donzela

a quem à luz davam

(re)desdenharam

a natureza

que pranteou

lixo e tristeza

choro e chorume

a longo prazo

tudo alagaram

azo ao Nume

flutua plena

bela donzela

boia a beleza

pra Natureza

Vittor Az
Enviado por Vittor Az em 12/02/2020
Reeditado em 04/12/2021
Código do texto: T6864275
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