ATMOSFERA

Nuvens brancas se atropelam sobre as cidades.

As tempestades castigam o litoral desnudo...

É outono. Pelo chão espalham-se folhas secas

Que correm para diversos pontos ao sabor dos ventos.

No céu há riscos que traçam relâmpagos

E, logo, fortes trovoadas inundam os tímpanos.

Sobre planaltos e planícies ouvem-se os ruídos

E intensa chuva galopa encharcando os prados.

O dia morre e a noite se aventura no tempo.

Pássaros alucinados buscam os alojamentos.

Extensa solidão se debruça sobre as horas

E um profundo silêncio se instala no deserto.

A calmaria transpõe a madrugada sinistra

Enquanto os sonhos desenham desejos impossíveis.

Logo um novo dia surge ressabiado.

Com o orvalho da manhã, as aves cantam

Saudando a aurora fria e submersa

Dos vales e campos dum matinal exaurido...

Molhadas, as árvores salpicam gotas de suor,

É o esforço inaudito dum arrebol gripado

Pelos vírus que se aproveitam da enxurrada.

Timidamente o Sol desponta no horizonte

E enche de claridade os recantos inóspitos.

Chega um calor que dissipa a névoa

E, o litoral antes desnudo,

Veste-se de sal sobre a areia faminta!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 21/01/2020
Código do texto: T6846718
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