O Selvagem
Larguei tudo, deixei tudo que nunca foi meu para trás. Para me perder na natureza. Para saber de fato o que era viver de verdade. O andarilho, o selvagem, o homem cujo lá era somente a estrada e a natureza. Um errante em terras desconhecidas, de novos idiomas, de novos afetos, de novas histórias. Em busca de vida... Em busca de viver a vida.
O aventureiro a se aventurar por aí... Por aí na natureza. A se guiar pelas estradas, caminhar pelos astros. Um homem em busca de si mesmo. Numa viajem mística no interior do teu ser. As vezes só de se poder sentir a natureza, já vale apena ter nascido.
Tudo que eu tinha para oferecer alguém era uma boa companhia para nos perder pelas estradas a fora desse mundo louco. E nada, nada mesmo eu tinha para oferecer além disso. Então decidi seguir o caminho do homem que nada tinha a perder, além da própria vida.
Sempre fui impulsivo e a impulsividade foi o que me levou a fugir. Eu quis fugir do que sentia, para encontrar o real sentindo da minha vida. Eu precisava senti-la... Eu precisava senti-la de fato. Sentir o ar puro a preencher os meus pulmões. Sentir o nascimento da alvorada pela manhã. O orvalho das manhãs, a aurora, as solitárias estrelas a noite. Sentir o pôr do sol no fim da tarde e saber que a noite estava vindo. E que eu estava pronto e esperando por ela.
Na maior parte do tempo a solidão era a minha única companheira; e a estrada o meu guia. O andarilho caminha até se perder nas matas. Adentrando nas estranhas da natureza. Em busca de extrair do seu tutano o êxtase da vida.
– Porque deixou tudo para trás?
– Porque nada eu tinha para trazer.
E era isso que eu sempre respondia quando me perguntavam. E como escreveu Rimbaud em seu diário antes de deixar a casa da mãe: “ A vida está em outro lugar.” E ele tinha razão, a vida sempre esteve em outro lugar. Nas costas desertas, no silêncio das matas, no pôr do sol a tarde.
E quando eu vi o mar eu sentir que tudo estava lá... tudo estava lá. Como minha capacidade de sonhar em navegar além daquele mar. As costas desertas e suas praias solitárias, esconde uma beleza mística e rara. E diante do mar eu pude perceber o quanto a vida tinha reservado para mim. E o quanto eu poderia ter perdido se não tivesse a coragem que tive para me encontrar com a liberdade... Para me encontrar com a natureza.
– Para onde vai homem?
– Vou em busca de mim mesmo! Em busca do desconhecido, em busca da liberdade, em busca do inexplorado. Vou em busca das montanhas azuis, em busca do azul do céu, em buscada da beleza da solidão... Em busca de mim sentir livre!
Sentir-se livre era uma busca, uma fuga da sociedade. Uma busca por se mesmo. Uma busca para superar os medos internos e deixar que a emoção o leve... Que o leve para onde queira ir. A sempre um caminho para qualquer pessoa por ai, em qualquer imprevisto, basta então segui-lo. E então eu seguir o meu próprio caminho, o caminho do impulsivo, o caminho do grande homem. O caminho do andarilho... O caminho do selvagem.