ENTRE O OUTONO E O INVERNO
Respiram por mim as folhas
Que pendem das árvores
Da minha vida, crescidas
Com palavras e metáforas.
Das suas folhas caiem gotas
Do orvalho da vida cansada,
Que o Outono de amarelo
Vestido, sensação falhada.
A minha pele transpira poesia,
O meu coração é a melodia
Que lhe dá o ritmo desta vida
Por mim criada e bem vivida,
Entre o outono e o inverno,
Não sei o que me chegará,
Se chuva ou frio, se verá,
Temo sofrer com o inferno.
Quão difícil é passar assim
Dum mês para o outro sem
Ter a certeza de chegar a ti
Minha flor, meu gentil amor.
O tempo passa e nada se vê
Para além do nevoeiro denso
Que cobre o raiar da manhã,
Meus miolos de pouco senso.
Ruy Serrano - 26.11.2019