UM POEMA PARA AS ÁRVORES
Dia 21/9 - dia da Árvore
Apesar de gigante, acreditem, eu sou o fruto de uma pequena semente jogada ao vento, que se glorificou no milagre perpétuo da existência!
Minhas raízes, desde então, fincaram-se no solo sem trato e criaram meu corpo enorme no espaço improvável.
Cresci desapercebida, desamparada, no limbo do silencio e da solidão pelas mãos frágeis da misericórdia da natureza, da força da terra e da chuva, do sol, que me impulsionaram para o alto.
Levou tempo, muito tempo , mas hoje grande, ofereço ao mundo minha sombra carinhosa e mansa! Protejo os seres menores do vento, enfeito a paisagem. Também estico meus braços numerosos para receber as aves cansadas, os animais da floresta, as borboletas sem rumo, os insetos esquecidos que se alimentam de minha seiva e as abelhas que extraem o rico mel das minhas flores.
Líquens, musgos usam-me como estrada para encontrar o sol.
Dou frutos e sementes para alimentar os pequenos roedores das matas que me ajudam, sem saber, na continuidade da minha espécie. Minhas raízes, retém a água que alimenta as minúsculas vidas no solo!
Cubro-me de verde a maior parte do ano, principalmente na primavera, para humildemente adornar as cidades, as florestas e o mundo e poder limpar as partículas de ar que buscam em mim a purificação, para que possam oxigenar as vidas dos seres que andam.
Em mim, pássaros apaixonados, buscam o refúgio para construir o seu futuro lar e fazem em meus galhos menores, seus pequenos ninhos e lá manifestam o milagre do amor de Deus pelas criaturas na formação das novas existências e assim sustento o protejo a vida deles, que se renova sorrateiramente, nas beiradas do mistério insondável.
Tudo assisto sem compreender mas, feliz por ser parte e contribuir com o espírito generoso da mãe natureza da qual sou parte.
Sei que meu tronco rijo e volumoso desperta a cobiça humana, mas não me importo porque sei que através do dinheiro que lhes propiciarei, irei alimentar os seus filhos e seus sonhos caros.
Sinto dores quando o machado corta minhas entranhas ou a moto serra rasga meus veios lenhosos, mas aguento firme e entendo a contingência de ter nascido para ser apenas uma doadora no mundo.
Por isso, meus pedaços andarão por aí, navegando nos grandes, barcos, mobiliando o interior das casas, sustentando as moradias ou simplesmente, alimentando o fogo que cozinha o feijão nos lares simples das periferias, ou ainda no forno que assará a pizza de pessoas que se juntarão para celebrar mais um dia feliz.
Quando as forças faltarem ao corpo do homem, eu o acomodarei no regaço do caixão que de mim fizeram e juntos descansaremos desta vida, no nosso retorno ao seio da mãe terra.
Eu sou a árvore, eu sou apenas a árvore que não reclama! A árvore que nada cobra deste mundo, a não ser um espaço para existir e tempo para servir os desígnios do criador!