Água, sabão e sol

A máquina de lavar já fez o serviço

e deixou limpo todo o passado

ninguém se lembra mais

da água de anil, do sabão artesanal,

sol da tarde, vento,

fileiras de roupas no varal

em suave movimento

já se apagou a imagem

das peças ainda quentes

acomodadas nos braços

exalando o cheiro bom

de água limpa que se evaporou

lembranças são tecidos frágeis

desbotam, perdem a cor

bem que o ferro de brasa tentou

tatuar na pele do tempo

a marca de seu valor

a futurista máquina de lavar

lava até os peixes do mar

sua espuma branca e leve

evoca a doçura de clara em neve

querendo nos enganar

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 09/11/2019
Reeditado em 03/06/2024
Código do texto: T6790486
Classificação de conteúdo: seguro