Parlamento das Gralhas
Elas reúnem-se nas pradarias
Seus olhos são vítreos
suas almas pesadas
e as feições vazias
Tem diversos motivos
mas só um requisito
eu contemplo o vazio
do seu infinito
Formam então o circulo
do picadeiro
Eu no meio delas
sou o prisioneiro
Como réu jurado
falo por primeiro
Dou meu depoimento
grasnando sem jeito
Uso palavras medidas
argumentos articulados
Elas ouvem atentas
minha versão dos fatos
Concluo com tom confiante
mesmo introspectivo e absorto
São derradeiros segundos que me fazem
sentir ânsia horror e desconforto
Elas não esboçam reação alguma
Todas se alvoroçam depois alçam voo
Fui absolvido do seu julgamento
se eu titubeasse estaria morto.