Escuridão
Tolda-se a luz do dia
Em pequenos passos, alguém ali caminha.
Não é um fantasma na noite escura,
Nem mesmo o guardião da praça.
De reduzido porte, no chão cai,
Uma pequena bulha se ouve.
Muito fraco é o som, pouco perceptível.
Cai uma pequena folha da árvore,
Quase que invisível aos olhos humanos.
Se fosse grande, arruinaria o caminhante,
Que atento desvia o olhar para cima.
Cai, muito mansa, muito devagar.
Às vezes o ar a segura firmemente
Para não espedaçar de uma só vez.
Age como se fosse um simples freio
Ou o arrasto da corrente descendente.
Segura o máximo que puder e,
Desviando para um lado e para o outro lado,
Cai lentamente no chão úmido
Ali preparado para recebê-la,
Tão frágil, tão insignificante,
Que no auge da vida
Grassou o mais lindo verde:
O da esperança e o do descanso.
O caminhante se dá conta
Que um pequeno viver ali desapareceu.
Recorda das fadigas do dia
E simplesmente pensa:
Por quê?
A bela e bonita folha verde,
Muito vista nos dias passados.
Não tem mais vida,
Nem mesmo um pássaro nela abrigou.
Acabou, morreu, foi para o chão.
Não mais existe, assim como a vida não existirá no futuro.