DOURA O SOL
DOURA O SOL
Doura o sol
o verde das plantas,
enquanto delas
pinga o orvalho;
o vento sussurra
por entre as árvores,
e o pássaro canta
saudando a manhã.
A poesia, oculta na toca
de algum bicho,
cansa-se da noite
e renova-se com o dia;
e o poema se mostra,
esboçando a sintaxe
dos versos, em longos
bocejos amanhecidos.
O ar fresco espalha
o cheiro das plantas,
mesclando-se com a alegria
da manhã ensolarada;
lindo é ver a atividade
habitual das formigas,
trazendo o alimento vegetal
para dentro do formigueiro.
O poeta se entretém,
ante a paz emanada da manhã;
que a recebe contente,
sabendo que a luz divina
lhe doa vida, amor,
inspiração para exercer a arte
natural, em versos tão simples
e habituais, como a passagem
lenta do dia, até que finde,
para que a noite ocupe,
de modo momentâneo,
o seu usual lugar.