NA BEIRA DO OASIS
NA BEIRA DO OÁSIS
Às vezes,
a noite chega
sem que lhe perceba
a presença escura,
como numa grota deserta;
mas,
num breve instante,
o sol do luar me concede
a ocasião de saciar
a sede poética
em algum oásis
no clarão noturno.
Desse modo,
enquanto as horas
lentas da noite
me inspira a escrever
como um fiel artesão,
alguma poesia
se derrama do luar ensolarado,
refletindo
com a cara cheia sorridente,
no espelho
da água oasica,
encravada na grota campesina.
Posso nutrir-me
da poesia que banha-se
na água desse oásis,
sentindo-lhe a fluidez
aquosa como um bálsamo
de versos inventivos,
que se deliciam
(antes de se efetivarem
no poema),
com as fragrâncias que as flores
exalam,
trazidas pelo vento fresco
na plena noite.
E sinto que,
nesses lúcidos momentos
de eventual inspiração noturna,
não escrevo sozinho;
visto que,
junto comigo,
sentados na beira do oásis,
os amigos
espirituais me permitem vê-los;
e são deles
(almas bondosas desencarnadas),
que brotam
os versos que antes,
se nutriram
do sorriso da lua ensolarada,
sempre solitária
na amplidão da noite transitória.
Escritor Adilson Fontoura