O CICLO



Naquela noite chuvosa
Que a terra umedecera
Ela estava emprenhada
Aquecida e agora molhada.
De manhã veio o calor,
Fez morrer a semente.
E dia seguinte a morta germinou.
E soltou a primeira folha
E começou a receber clorofila.
Saia outra folha! e a raiz sugava
O nutriente da terra.
Saia flores amarelas
com pintas vermelhas.
E logo formou-se.
E a abelha cruzou os pólens.
E a bundinha dos filhotes apareciam
Um a um, em fila.
Esticavam–se, finos na ponta
E grossos no pé.
Eram tantos...
Enquanto chovia
Naquele inverno quente
saiam mais e mais frondosos frutos.
O caule engrossou também
As folhas ficaram enormes com um quibano!
Aqueles pelos que lhe encobriam
Eram macios e dava uma coceira boa entre os dedos
Era só com os dedos que pegávamos
Aquela torcida apertada tirava-o de seu lugar
E se admirava tamanha beleza esverdeada
Emprenhado de sementes
Logo ia dar sabor a vida
Do seu cuidador.
Homem ou mulher.
E o inverno acabou
As marcas do sobe sobe
Das folhas que envelheceram,
Dos tirados prematuros filhos
E apenas um, ficou pra semente.
Vai secar, guardar a semente
E esperar o tempo do inverno
que vem cheio de esperança
da safra do último quiabo.




 
WALTER BERG
Enviado por WALTER BERG em 27/06/2019
Reeditado em 21/10/2019
Código do texto: T6683236
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.