A VOZ DO VENTO

A VOZ DO VENTO

No inverno,

a voz do vento me ecoa fria,

porque se derrama

em chuva do céu nublado;

sem a quentura

do sol que alegra o dia,

me contento

com o sol de fogo

na lareira do meu lar calado.

Mas o vento,

que se refugia

no meu lar agora,

aquece-o,

a luz de minha alma inspirada;

e é pela voz

do eco desse vento,

vindo de fora

do meu lar aquecido,

que a garoa anuncia a invernada.

A noite chega,

e com ela,

a voz do vento

mescla-se com a frieza

da planície anoitecida;

ouve-se o seu eco ventoso,

como um acalento

de rouxinol solitário,

na fronde da árvore emudecida.

Cala-se o vento.

Dorme na noite calada.

Sua voz fica retida

na mudez do pássaro canoro.

No alvor do dia,

porém,

o vento desperta com aguda

sibilada.

E sua voz ecoa

na constância do inverno

sem agouro.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 23/06/2019
Reeditado em 16/12/2022
Código do texto: T6679967
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