A VOZ DO VENTO
A VOZ DO VENTO
No inverno,
a voz do vento me ecoa fria,
porque se derrama
em chuva do céu nublado;
sem a quentura
do sol que alegra o dia,
me contento
com o sol de fogo
na lareira do meu lar calado.
Mas o vento,
que se refugia
no meu lar agora,
aquece-o,
a luz de minha alma inspirada;
e é pela voz
do eco desse vento,
vindo de fora
do meu lar aquecido,
que a garoa anuncia a invernada.
A noite chega,
e com ela,
a voz do vento
mescla-se com a frieza
da planície anoitecida;
ouve-se o seu eco ventoso,
como um acalento
de rouxinol solitário,
na fronde da árvore emudecida.
Cala-se o vento.
Dorme na noite calada.
Sua voz fica retida
na mudez do pássaro canoro.
No alvor do dia,
porém,
o vento desperta com aguda
sibilada.
E sua voz ecoa
na constância do inverno
sem agouro.
Escritor Adilson Fontoura