VISITANDO ALBERTO CAEIRO

VISITANDO ALBERTO CAEIRO

Vem do silêncio

que me cerca

o cheiro agreste da manhã campesina.

Fecho os olhos

carnais para entrever,

pelos olhos espirituais,

a passagem lenta da manhã

me presenteando a emoção do momento.

Me surpreendo

com a visão espiritual

de Alberto Caeiro,

passeando pelas viçosas pastagens

em meio a fresca

silvestre da manhã;

de onde ele esboça um suave poema

como um eterno

cantor da natureza.

Fica difícil distinguir

qual das duas manhãs é mais bela;

se escolho

a manhã carnal,

o poema se atém a vida efemera;

mas se opto

pela manhã espiritual,

o poema se eterniza

no belo da natureza campesina.

Tenho o hábito

saudável de visitar o outro lado

da vida, sobretudo,

para aprender com os mestres

poéticos desencarnados;

dentre os quais, Alberto Caeiro,

um dos famosos

heterônimos de Fernando Pessoa;

e tento fazer,

tão naturalmente como ele

fazia, belos poemas campesinos;

quando aprazia-se

em fugir para os campos, e neles

sentir a força

da natureza

agindo em sua forma simples

de escrever os versos

que lhe suavizavam

a consciência pacífica esplêndida.

Só sei que foram breves

instantes de visita espiritual

ao poeta Alberto Caeiro;

visita bem proveitosa

que faço com frequência

ao mestre do poema campesino.

E quando a minha alma

volta ao corpo físico,

ainda

entrevejo pelos olhos espirituais,

as mãos (e a consciência) poéticas

de Alberto Caeiro me acenando;

e ouço-lhe me dizer:

"até qualquer dia,

poeta Adilson Fontoura;

aqui onde estou,

a vida é mais plena de criatividade

poética;

porque a natureza me abraça

e me enche

das mais belas coisas naturais eternas."

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 14/06/2019
Código do texto: T6673153
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