NO AR SOMBRIO DA MANHA

NO AR SOMBRIO DA MANHÃ

No ar sombrio

da manhã

exala a inspiração

tão triste,

delineando

o poema invernoso

com cheiro de neve,

de frio, de chuva.

Há um sossego aparente,

oculto na beleza

tristonha desse inverno,

que o ar frio não revela:

nem o deserto

das casas fechadas,

nem a sonolência

das pessoas

que as habitam.

A neve, branca

como clara de ovo,

doa a sua leveza

fria ao poema;

deixa que os versos

se derramem

em chuva de garoa

sobre as casas

envoltas em névoa.

Tenta o poema,

abrir passagem

pelas sendas invernosas,

que a lenta manhã,

triste como

o tempo obscuro,

parece reter

a sucessão das horas:

ora no silencio

das pessoas sem alento,

ora na frieza

nevoenta, que paira

na própria manhã

de paisagem invernal.

E o poema, enfim,

preso no ar sombrio

da manhã, não consegue

seguir adiante;

mas pelos versos,

faz a manhã

ser menos triste

e mais alegre;

a manhã invernosa

que, embora triste,

deixa que os versos

lhe alegrem,

lhe embelezem,

lhe adornem

com o brilho natural

da neve, do frio, da chuva.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 09/06/2019
Código do texto: T6668886
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