NATUREZA MORTA
Vejo as árvores sem folhagens,
Secou-se sua singela beleza,
Despidas foram de suas roupagens,
Sem suas folhas não são natureza.
Vislumbro queimadas, pobres árvores,
Nuas, sem folhas nem flores,
Perderam seus verdejantes ares,
Secas estão queimando em dores.
Ó, natureza outrora bela,
O que fizeram a você?
Aquela paisagem verde e singela
Não é a que meu olhar agora vê.
Triste és natureza sem vida,
Queimada, cortada, sem troncos nem ramos,
Foste adulterada, despida, ferida
E a pergunta que fica é: onde erramos?
Erramos ao superestimar sua força
Que faz renascer o ramo quando se o corta,
Erramos por apreciarmos
A natureza viva menos que a morta.