Ondas do Céu
Era manhã de setembro, o sol raiava majestoso organizando a chegada da primavera
A brisa calma soprava levemente um calor aconchegante
Começei animadamente a caminhar entre as diferentes paisagens
Ora campo limpo com algumas pequenas árvores tortuosas
Ora campo fechado me desvencilhando da brutalidade da natureza do cerrado.
Ora atravessando ambiente lótico ora ambiente lêntico
E na calmaria das águas entreguei meu coração
Ali naquela paz e harmônia a vida fazia sentindo
O dia ia caminhando para tarde como um bater de asas
E o céu azul sem nuvens se revoltou
Trazendo a tona ondas pesadas de nuvens raivosas
Que agitavam o céu engolindo os raios dourados do sol
A brisa logo se foi e tudo ficou quieto, silencioso.
Como se o tempo parasse por um instante
Um raio atravessou o céu revolto tecendo uma veia magnífica
Levando do céu a Terra toda energia num espetáculo assustador.
O silêncio foi interrompido por um ruído tão forte como se todas
as montanhas se partissem ao meio ao mesmo tempo.
E em uma fúria enlouquecedora tudo virou tormenta.
A sinfonia de trovões dava ao espetáculo da natureza uma singularidade inigualável
O vento num ritmo coordenado fazia dançar o capim dourado como algas no fundo do mar
E cortando o céu nervoso desciam rapidamente inúmeras gotas enraivencidas
Sobre minha pele se desmanchavam fortemente deixando marcado a violência de sua chegada
A água descia lavando minha alma e matando a sede da terra.