NATUREZA EM CORPO E ALMA
Fiz de ti a natureza e a ti vou me entregar
Quero viver no sereno pra te sentir serenar
Meu orvalho, minha vida, canteiro que vou regar
Vou penetrar em teus sonhos e em mim vás encontrar
Eu colorindo o deserto, fazendo dele um pomar
Pintando-te de natureza só para te contemplar
Com rios, cachoeiras e cascatas, um oásis e o mar
No recanto a mata verde, pau Brasil, macambira, xiquexique, caroá
Em extinção na natureza, que não mais se ver plantar
Assim como o Uirapuru, que é difícil de se ver e difícil de ouvir cantar
Fiz de ti minha floresta, minha fauna, meus pulmões e o meu ar
Meu jardim de bambu doce, tu és filha de Iemanjá
Tu és rio e correnteza e em ti vou navegar
Meu veleiro, minha vida, meu vento de velejar
És montanha altaneira, a que eu vou escalar
Não importa se és serra, no topo eu vou chegar
Meu sol nascente e fagueiro é hora de descansar
De deitar-se no horizonte, esperar a noite chegar
Ver as estrelas brilhantes lá no céu pra contemplar
Tu brilhando entres elas perto de um quasar
Tua alma é meu abrigo, meu silêncio, o meu lar
És recôndito da natureza, dos santos e orixás
Minha lua prateada, meu céu, minha terra, meu mar
Tu és minha cachoeira onde eu vivo a me banhar
Pois teus guias me guiaram e pra ti vou me entregar
De corpo e alma na vida, pra sempre vou te amar
És o meu tinto de mesa, és meu brinde, o vinho que vou brindar
Na festa de Oxum, de Ogum, Xangô e Oxalá...
Seja a minha poesia e deixe-me te recitar