Arte celestial
Era um artesão cujas vestes eram garbosas e longas. Escovava as nuvens delineando sua arte, e soprava de forma bem lenta as extensas formas sem sombras.
Eram artesenatos nas duas cores do mesmo céu. Tão sublime quanto o branco iminente, tão sublime quanto cada ponto infinito dos mesmos tão altos véus.
O artesão esculpia e caminhava com calma, ao seu rastro sopravam incontáveis as auras. Também ouvia-se os semitons das canções que alí entonava, aos tão longícuos passos que dava.
Nas cores neutras se fazia mais simples à medida que passava. Mas ele também salpicava a maior parte com cores quentes, de um alaranjado vermelho ao qual bem alí se bordava.
Nas sedosas formas dos cirro ou no esplendoroso tapete dos stratus, eu via estender pouco a pouco a fina tela pelo artesão diplomático.
Toda sua aquarela, transbordava pelas bordas com as cores celestiais. Era de um todo pluriforme, a medida que lançava as infinitas formas desiguais.
Ao fundo o pano de cores análogas bem mais frias, formava sua tonalidade em totalidade à sua arte em supremacia. O artesão era hábil, e apenas com uma mão afastava as silhuetas inconstantes que ao meu olhar se desfazia.
E eu, tão pequenino alí em baixo. Sentado sobre uma pedra tão fria apenas, observava sua mão delicada em fazer arte sem embaraços.
Mas prometi- lhe de longe, lhe escrever alguma passagem perante o misterioso universo. Prometi para mim mesmo, que lhe escreveria nem que fosse um rápido conto, escrito num último verso.