VERSOS OCIOSOS

VERSOS OCIOSOS

Os versos que brotam

da réstia do sol na tarde,

antes de os aproveitar

no poema, repousam

no recanto sereno, onde

os arbustos floridos

perfumam o vento,

abarrotado de mormaço.

Não me importo, por

enquanto, que os versos

tenham preguiça

para ocuparem o poema,

que também não tem

pressa para ser feito,

agora que a fragrância

das flores lhe envolve.

Como não há poema,

sem os versos para

os compor, não deixo

que me frustre, a solidão

repentina, se a paz

campestre vespertina,

me preenche o vazio

deixado pelos versos ociosos.

Já sei. O melhor que tenho

a fazer, é ser cúmplice

do sossego desses versos,

debaixo desses arbustos

floridos, e perceber que,

para concluir o poema,

eu tenho que curtir, como

os versos, a beleza

da natureza, perfumada

pelas flores, cujo vento

afoito, sacode a poeira,

que se concentra

na réstia do sol na tarde.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 16/01/2019
Código do texto: T6552110
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