VERSOS OCIOSOS
VERSOS OCIOSOS
Os versos que brotam
da réstia do sol na tarde,
antes de os aproveitar
no poema, repousam
no recanto sereno, onde
os arbustos floridos
perfumam o vento,
abarrotado de mormaço.
Não me importo, por
enquanto, que os versos
tenham preguiça
para ocuparem o poema,
que também não tem
pressa para ser feito,
agora que a fragrância
das flores lhe envolve.
Como não há poema,
sem os versos para
os compor, não deixo
que me frustre, a solidão
repentina, se a paz
campestre vespertina,
me preenche o vazio
deixado pelos versos ociosos.
Já sei. O melhor que tenho
a fazer, é ser cúmplice
do sossego desses versos,
debaixo desses arbustos
floridos, e perceber que,
para concluir o poema,
eu tenho que curtir, como
os versos, a beleza
da natureza, perfumada
pelas flores, cujo vento
afoito, sacode a poeira,
que se concentra
na réstia do sol na tarde.
Escritor Adilson Fontoura